terça-feira, março 18, 2008
O Outro Cavaleiro do Apocalipse
Aldea Mogrovejo. Populación: zero.
Este lugarejo, algures nas profundezas da Espanha até por D. Quixote esquecida, assume-se como justa homenagem ao vulto do futebol mundial que lhe dá o nome.
Mas voltemos atrás. A história deste guedelhudo Cavaleiro do Apocalipse tem início em meados da década passada:
Marcelo Houseman, um seboso empresário argentino com cara de segurança de discoteca desmotivado, torna-se numa espécie de academia do Sporting ao contrário, e desata a cuspir cepos em todas as direcções. Para nossa sorte, uma dessas direcções foi a cidade invicta.
Abram alas para os cinco Cavaleiros do Apocalipse.
Chegaram Baroni, Mandla Zwane, N'Tsunda, Walter Paz e Mogrovejo, como poderiam ter chegado Dartacão, Noddy, aquele actor estranhíssimo da TVI, o cabelo do Diogo Feio e uma sameirinha de Spur Cola.
Sir Bobby abriu os braços, Jorge Nuno abriu a carteira, e os cinco estarolas fecharam o tasco.
Na sua versão bíblica, os quatro cavaleiros do apocalipse eram a conquista, o extermínio, o cannigia, a fome, e a morte. No mundo real, isto traduziu-se mais ou menos desta forma:
- conquista: Ronald Baroni (Perú - Conquistadores, etc.)
- extermínio: Walter Paz (porque foi o que fez à sua própria carreira)
- cannigia: Mogrovejo (pois)
- fome: N' Tsunda (um gajo que se orgulha de ser mais rápido que o vento tem de ser magrinho)
- morte: Zwane (estava a jogar à bisca quando Deus distribuiu os cognomes mais fixes. Ficou com a fava.)
Esta conversa dava para quatro blogs e meio, portanto foquemo-nos no homem do momento: Roberto Mogrovejo.
Terá sido o mais temido dos cinco, pois se é verdade que a morte, a fome e o extermínio podem assustar muita gente, um cannigia assusta muito mais. Pinto da Costa recebeu-o com pompa e circunstância no seu gabinete, augurando-lhe um futuro risonho de Dragão ao peito, provavelmente com medo do que ele lhe pudesse fazer. É que Mogrovejo não reage bem à falta de atenção.
Como novo Cannigia, era esperada da sua parte uma apetência para espancar peixes, inalar cal das linhas delimitadoras do relvado, beijar homens na boca frente a câmaras de TV e ter penteados ridículos.
Roberto Mogrovejo só conseguiu transformar a última situação numa realidade indelével. Dada a enorme desilusão, e também porque a influência dos Cavaleiros do Apocalipse no balneário tripeiro estava a tornar-se insuportável para cromos nacionais como Bandeirinha ou Vítor Nóvoa, o presidente azul-e-branco fez com que o nosso amigo argentino desaparecesse num ápice:
- "Mogroquem? Ah, não. Esse estava à experiência, acho eu. Mas nem sei quem é. Tem bigode?"
Verdade seja dita, o Cavaleiro do Apocalipse só voltou a pisar solo nacional dez anos depois - já sem o monumento capilar do passado - com a selecção argentina de futebol de praia.
-"Assim fico mais perto dos peixes.", disse ele, numa efémera tentativa de recuperar a fama de novo Caniggia, aos tenros 52 anos de idade. Fica para a próxima.
P.S.: A foto não é adulterada. Isto é mesmo uma aldeola que o co-blogueiro Pedro encontrou em Espanha.
quinta-feira, março 06, 2008
Quem cala, consente
Vamos começar este post a abrir fortemente. De uma forma incisiva e objectiva, sem rodeios.
No ano de 1991 foi cometida uma atrocidade no seio da Casa Pia de Lisboa, envolvendo um loirinho jovem menor de idade, que iria marcar de forma negativa a vida de muita gente nos anos vindouros:
- José Calado foi impulsionado para uma carreira profissional de futebol.
-"Choque!"
-"Horror!"
-"Melão!"
O potentado futebolístico conhecido por Casa Pia foi o trampolim para uma carreira de altíssimo nível, que passou pelo Estrela amadorense, antes de desembocar no Benfica lisbonense, em meados da década de 90.
Aí, no palco onde muitos outros actores de primeiríssima água outrora brilharam, José não foi a excepção.
Motivado pelo ingresso numa mítica squadra rossa que contava com pedras do calibre de King, Paredão, Nica Panduru, Iliev e Marcelo, José não tinha outro remédio senão seguir as pisadas dos seus mentores e evoluir ano após ano, ao ponto de se tornar um guardião do templo da (tosta) mística benfiquista.
A glória era inevitável, e a escassez de títulos assumia um papel secundário perante a facilidade com que o ex-casapiano subiu o escadote do sucesso. Mais popular do que saxofones em músicas dos anos 80 e mais omnipresente que cotão no umbigo, o seu futuro na Luz parecia risonho. Num esfregar de olhos não só foi elevado a capitão do clube, como também fornecia o seu suor para ser usado como antídoto para as doenças venéreas do milhafre do espanhol.
Calado, o Mundo era teu.
No entanto, o inesperado aconteceu. O final de século foi fatal para José António.
Primeiro, ficou ligado a um dos momentos mais marcantes da história do futebol Português.
-"Mas isso não é bom?", perguntais vós.
Não, quando o momento é o desafio (será que lhe podemos chamar isso?) Celta Vigo 7 - 0 Benfica. E quando o nosso jovem joga os 90 minutos. Mas pensemos em coisas positivas...SOBRAL DE MONTE AGRAÇO JÁ TEM UM PARQUE INFANTIL!
O dinâmico centro-campista fez como nós, e não se deixou abater por este infortúnio. Só que José não procurou consolo na felicidade das crianças de Sobral de Monte Agraço, visto que decidira dar preferência ao upgrade do seu rapport visual. Calado foi o primeiro jogador da bola a trazer para os relvados o look Spice Girl, combinando de forma inteligente e subtil as suas novas melenas amarelas com umas repinhas cuidadosamente descuidadas.
A sua vistosa aventura capilar berrava aos sete ventos (ai, má escolha de número) que o lusitano estaria pronto para novos desafios. Venham eles.
O problema é que vieram mesmo...e José não teve arcaboiço para levar com eles.
No ano 2000, o fenómeno boys/girls band que assombrou a segunda metade da década de 90 estava a morrer lentamente, e os Excesso estavam a um pequeno passo de regressar à construção civil. Mas eis que surge um segundo fôlego de fama para o carismático azeiteiro Melão, o popular abichanado-mor da "banda"!
Não se sabe muito bem como nem porquê, mas esse fôlego veio na forma de um jogador da bola que até tinha falta dele em campo: claro, o nosso José António.
Rumores de um ardente romance entre ambos correram pelos meandros da bola. Sprintaram céleres, qual Seo Jung-Won de vermelho vestido, tendo chegado a todas as esferas da sociedade lusa. Todos sabíamos do tórrido envolvimento entre o azeiteiro da boys band decadente e o jogador da bola com madeixas amarelas de odor almiscarado. Uns abriam a boca de espanto, outros para vomitar. O próprio José António abriu a boca, pois não aguentava mais ficar calado.
Ao intervalo de um desafio contra o Braga no seu próprio estádio, o centrocampista decidiu ficar de vez no balneário. Não para ficar a apanhar pevides de um certo fruto do chão dos duches, mas sim porque não aguentava mais as bocas dos adeptos benfiquistas de cada vez que falhava um passe. E conhecendo o futebolista em questão, deve ter ouvido cerca de 23 bocas por minuto.
José António era o sujeito de todas as anedotas e comentários boçais em todos os estádios do País. Calado ficou, mas não saiu calado.
Saiu para Espanha, para tentar a sua sorte no Real Bétis. Não demoraram a metê-lo em rumores com o Enrique Iglésias, o que aliado à sua dantesca capacidade futeboleira, o levou de pronto à 2a divisão do País vizinho, para pontificar no também ele dantesco Poli Ejido. Após deixar a sua qualidade bem vincada no clube do emblema surrealista, tornando-se no ídolo da torcida poliejidesca, decidiu emigrar uma vez mais, desta feita para o Chipre, onde alinha actualmente pelo APOP.
Há quem diga que é um clube de futebol, eu prefiro pensar nele como um partido político com uma sigla engraçada, tipo 4POUS (eu até punha link para o site do partido, mas eles não têm...contudo, descobri que o 4POUS teve 76 votos nas eleições para a assembleia da república em 1985, em Tomar, claro).
Fica o pesamento do dia:
“O Melão não pode ser calado! Quando se mete a faca tem de se comer, não pode esperar pelo outro dia”.
Grão-Mestre Barbosa de Melo, Confraria do Melão Casca de Carvalho
No ano de 1991 foi cometida uma atrocidade no seio da Casa Pia de Lisboa, envolvendo um loirinho jovem menor de idade, que iria marcar de forma negativa a vida de muita gente nos anos vindouros:
- José Calado foi impulsionado para uma carreira profissional de futebol.
-"Choque!"
-"Horror!"
-"Melão!"
O potentado futebolístico conhecido por Casa Pia foi o trampolim para uma carreira de altíssimo nível, que passou pelo Estrela amadorense, antes de desembocar no Benfica lisbonense, em meados da década de 90.
Aí, no palco onde muitos outros actores de primeiríssima água outrora brilharam, José não foi a excepção.
Motivado pelo ingresso numa mítica squadra rossa que contava com pedras do calibre de King, Paredão, Nica Panduru, Iliev e Marcelo, José não tinha outro remédio senão seguir as pisadas dos seus mentores e evoluir ano após ano, ao ponto de se tornar um guardião do templo da (tosta) mística benfiquista.
A glória era inevitável, e a escassez de títulos assumia um papel secundário perante a facilidade com que o ex-casapiano subiu o escadote do sucesso. Mais popular do que saxofones em músicas dos anos 80 e mais omnipresente que cotão no umbigo, o seu futuro na Luz parecia risonho. Num esfregar de olhos não só foi elevado a capitão do clube, como também fornecia o seu suor para ser usado como antídoto para as doenças venéreas do milhafre do espanhol.
Calado, o Mundo era teu.
No entanto, o inesperado aconteceu. O final de século foi fatal para José António.
Primeiro, ficou ligado a um dos momentos mais marcantes da história do futebol Português.
-"Mas isso não é bom?", perguntais vós.
Não, quando o momento é o desafio (será que lhe podemos chamar isso?) Celta Vigo 7 - 0 Benfica. E quando o nosso jovem joga os 90 minutos. Mas pensemos em coisas positivas...SOBRAL DE MONTE AGRAÇO JÁ TEM UM PARQUE INFANTIL!
O dinâmico centro-campista fez como nós, e não se deixou abater por este infortúnio. Só que José não procurou consolo na felicidade das crianças de Sobral de Monte Agraço, visto que decidira dar preferência ao upgrade do seu rapport visual. Calado foi o primeiro jogador da bola a trazer para os relvados o look Spice Girl, combinando de forma inteligente e subtil as suas novas melenas amarelas com umas repinhas cuidadosamente descuidadas.
A sua vistosa aventura capilar berrava aos sete ventos (ai, má escolha de número) que o lusitano estaria pronto para novos desafios. Venham eles.
O problema é que vieram mesmo...e José não teve arcaboiço para levar com eles.
No ano 2000, o fenómeno boys/girls band que assombrou a segunda metade da década de 90 estava a morrer lentamente, e os Excesso estavam a um pequeno passo de regressar à construção civil. Mas eis que surge um segundo fôlego de fama para o carismático azeiteiro Melão, o popular abichanado-mor da "banda"!
Não se sabe muito bem como nem porquê, mas esse fôlego veio na forma de um jogador da bola que até tinha falta dele em campo: claro, o nosso José António.
Rumores de um ardente romance entre ambos correram pelos meandros da bola. Sprintaram céleres, qual Seo Jung-Won de vermelho vestido, tendo chegado a todas as esferas da sociedade lusa. Todos sabíamos do tórrido envolvimento entre o azeiteiro da boys band decadente e o jogador da bola com madeixas amarelas de odor almiscarado. Uns abriam a boca de espanto, outros para vomitar. O próprio José António abriu a boca, pois não aguentava mais ficar calado.
Ao intervalo de um desafio contra o Braga no seu próprio estádio, o centrocampista decidiu ficar de vez no balneário. Não para ficar a apanhar pevides de um certo fruto do chão dos duches, mas sim porque não aguentava mais as bocas dos adeptos benfiquistas de cada vez que falhava um passe. E conhecendo o futebolista em questão, deve ter ouvido cerca de 23 bocas por minuto.
José António era o sujeito de todas as anedotas e comentários boçais em todos os estádios do País. Calado ficou, mas não saiu calado.
Saiu para Espanha, para tentar a sua sorte no Real Bétis. Não demoraram a metê-lo em rumores com o Enrique Iglésias, o que aliado à sua dantesca capacidade futeboleira, o levou de pronto à 2a divisão do País vizinho, para pontificar no também ele dantesco Poli Ejido. Após deixar a sua qualidade bem vincada no clube do emblema surrealista, tornando-se no ídolo da torcida poliejidesca, decidiu emigrar uma vez mais, desta feita para o Chipre, onde alinha actualmente pelo APOP.
Há quem diga que é um clube de futebol, eu prefiro pensar nele como um partido político com uma sigla engraçada, tipo 4POUS (eu até punha link para o site do partido, mas eles não têm...contudo, descobri que o 4POUS teve 76 votos nas eleições para a assembleia da república em 1985, em Tomar, claro).
Fica o pesamento do dia:
“O Melão não pode ser calado! Quando se mete a faca tem de se comer, não pode esperar pelo outro dia”.
Grão-Mestre Barbosa de Melo, Confraria do Melão Casca de Carvalho
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